Em fevereiro de 2025, a aldeia indígena Teko'a Pindó Mirim, localizada em Itapuã, Viamão-RS, foi palco de importantes vivências espirituais e culturais com a realização de ritual tradicional Guarani. A atividade, que teve início nos dias 15 e 16 de fevereiro, teve o apoio do Projeto Ar, Água e Terra.
Ao longo de dois finais de semana, o povo Guarani compartilhou saberes profundos sobre a simbologia sagrada e o calendário cosmológico, que guiam, há gerações, a relação entre o tempo, os ciclos da natureza e a vida coletiva.
O ritual incluiu a construção de um relógio solar em monolito (apyka/gnomon) — instrumento ancestral de observação do Sol e da Lua — em torno do qual foram dispostos círculos de madeira pirografados com símbolos sagrados, representando os ciclos sazonais e os tempos sagrados do plantio, da colheita e das celebrações.
As atividades foram conduzidas por Wanderley Karaí Vidju, liderança espiritual Guarani, que compartilhou suas percepções sobre a cosmologia do seu povo, revelando como o tempo, para os Guarani, é cíclico, espiritual e profundamente conectado à terra e aos astros.
O encontro contou ainda com uma roda de conversa com o astrofísico Dr. Yu Tao, que trouxe uma leitura complementar e respeitosa, aproximando a ciência moderna da sabedoria indígena.
O encerramento do ritual foi marcado por um momento coletivo de grande força espiritual: rezos e cantos sagrados ao pôr do sol, que selaram a conexão entre os participantes, os elementos naturais e o sagrado.
Como desdobramento dessa vivência, em 22 de fevereiro, Wanderley Karaí Vidju retomou as atividades com uma roda de conversa sobre a simbologia do relógio-calendário construído na aldeia Teko’a Pindó Mirim, compartilhando com os participantes do encontro as histórias, os significados e as lições deixadas por esse importante marco de reconexão com os saberes ancestrais.
O ritual reafirma o compromisso do Projeto Ar, Água e Terra em valorizar os conhecimentos indígenas e fortalecer espaços de escuta, diálogo e troca entre tradições ancestrais e saberes contemporâneos, promovendo respeito, equilíbrio e conexão com o meio ambiente e a cultura dos povos originários.
