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25/01/2025

Os mapas de uso da terra e seus resultados

Para auxiliar a gestão sustentável dos territórios indígenas, uma das ferramentas utilizadas é o que chamamos de Mapas de Uso da Terra. Os mapas refletem como a terra está sendo ocupada e trabalhada nas aldeias participantes do projeto Ar, Água, Terra – Vida e Cultura Guarani. Os resultados obtidos a partir da análise desses mapas contribuem para ações como a reconversão produtiva de áreas, recuperação e conservação da biodiversidade e da educação ambiental.

Como exemplo de resultado dessa metodologia de mapeamento coletivo para a realização de mapas pelos, com e para os indígenas, temos os dados obtidos com os estudos empreendidos ao longo de 2024, cujo objetivo específico foi promover a segurança alimentar, a manutenção e a ampliação da cobertura vegetal e a fixação do carbono com/nas aldeias participantes.

Foram realizados trabalhos em campo em quatro aldeias participantes do projeto para levantamento topográfico através de GPS, cadastro e/ou atualizações de diversas feições/categorias/classes de uso da terra, como corpos d’água, áreas trabalhadas (recuperação e reconversão) e conservadas, perímetros, estradas, trilhas, moradias etc. A partir das imagens atualizadas com os dados coletados e levantados em campo, chega-se à etapa final de criação e/ou atualização da base cartográfica existente das aldeias.

As aldeias em que foram realizadas as atividades em 2024 foram:

  • Teko’a Anhetengua (Aldeia da Verdade, Porto Alegre, RS);
  • Teko’a Nheengatu (Aldeia das Boas Palavras, Viamão, RS);
  • Teko’a Nhuundy (Aldeia do Campo Aberto, Viamão, RS);
  • Teko’a Pindo Mirim (Aldeia das Palmeirinhas, Viamão, RS);
  • Teko’a Yvyty Porã (Aldeia Serra Bonita, Caraá, Maquiné e Riozinho, RS).

Como resultado, foram obtidos mapas e etnomapas contendo as diversas classes de uso da terra, incluindo as três categorias de indicadores: áreas de recuperação/restauração; de conservação ambiental; e de reconversão produtiva das aldeias. As áreas conservadas foram monitoradas com GPS, imagens por satélites e drone.

 

A utilização dos mapas de uso da terra confirma-se como forte elemento de interesse dos indígenas, os quais apresentam grande noção espacial e potencial para interpretação e expressão através de imagens. Reconhecer ou conhecer o território é uma forma de apropriação e empoderamento para as comunidades tradicionais, que estabelecem os contra espaços de resistência ao avanço do modelo capitalista de ocupação do espaço rural e urbano. Os mapas também podem contribuir, de forma significativa, com a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas – PNGATI (Decreto 7.747, de 5 de junho de 2012).

Veja, por exemplo, os resultados de mapas de uso da terra relacionados a Gestão Territorial da aldeia Teko’a Anhetengua (Aldeia da Verdade), da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre (RS).