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16/10/2024

O intercâmbio de sementes e mudas entre as áreas indígenas

Os viveiros estão cumprindo uma importante função para as aldeias, pois permitem a produção de mudas a partir de sementes coletadas em diversos locais, inclusive provenientes do valioso banco genético existente ao Norte do Rio Grande do Sul.

Por meio do intercâmbio de sementes e mudas entre as áreas indígenas, da aquisição de sementes e do plantio das espécies nas aldeias, além de proporcionar, de forma sustentável, o enriquecimento alimentar, a revitalização de plantas utilizadas na medicina guarani e a garantia da matéria-prima utilizada na confecção das peças artesanais, os indígenas estão revitalizando saberes e técnicas tradicionais.

Junto a este resgate de práticas tradicionais, o trabalho contempla a recuperação de áreas degradadas, a melhoria da fertilidade do solo e a produção de alimentos, incluindo o uso de técnicas agroecológicas, como a adubação verde, adubação orgânica, agroflorestas, além do intercâmbio de sementes da agricultura tradicional indígena, no sentido de contribuir para a segurança alimentar e a autonomia destes povos.

Respeitando as especificidades culturais e os ambientes naturais e demandas de cada aldeia, as atividades de viveirismo já possibilitaram o cultivo de mais de 20 mil mudas; e o engajamento entre indígenas e colaboradores/técnicos, o plantio de mais 50 mil mudas de 100 espécies, especialmente as nativas da Região Sul do Brasil.

Dentre as espécies, destacam-se as frutíferas nativas, erva-mate/ca’a (Illex paraguariensis) e palmeiras/pindó – de uso medicinal e sagradas; aguaí (Chrisophyllum marginatum), taquara/takua eté (Merostachys speciosa), embira (Daphnopsis fasciculata), pau-leiteiro/Kurupicay (Sapium glandulatum), urucum/capi owy (Bixa orellana) e balãozinho (Cardiospermum halicacabum) – utilizadas especialmente na confecção do artesanato; taquaras bambus/takua (Bambusa spp.), camboim (Myrcinaria delicatula), cipó de são joão  (Pyrostegia venusta) e xaxim (Dicksonia sp.) – úteis na construção de casas e peças artesanais; e outras espécies sagradas como o tabaco/pety (Nicotiana tabacum), guaimbé, pinheiro brasileiro (Araucaria angustifólia) e o cedro/ygary (Cedrela fissilis) – utilizado na elaboração de instrumentos cerimoniais como cachimbos.