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01/03/2018

Conheça as aldeias participantes da nova fase do Projeto

O modo de ser e viver guarani está intimamente conectado com a existência na aldeia de elementos naturais como água “viva” (corpos e cursos d’água), terra apropriada para plantio e floresta, para possibilitar a saúde física, emocional, mental e espiritual. A aldeia, teko’a, é o espaço onde é possível a realização do teko, o sistema de leis, a ordem, a identidade e cultura guarani.

A Teko’a Nhuu Porã (Aldeia Campo Bonito), no município de Torres, possui 93 ha e cerca de 210 indígenas. Encontra-se no litoral norte do estado, entre Florestas Costeiras da Serra do Mar, Restingas da Mata Atlântica e Formações Pioneiras como campos secos e úmidos e banhados, limitados por uma lagoa de 1,5 ha. A Aldeia possui uma Escola Estadual Indígena (EEI) de Ensino Fundamental e uma UBS.

Na Aldeia Kuaray Rese (Sol Nascente), no município de Osório, vivem em torno de 70 indígenas em uma área de 46 ha, em campos e Restingas da Costa Atlântica, entre uma lagoa e a Estrada-do-Mar, rodovia de acesso às praias do litoral norte gaúcho. Possui uma EEI de Ensino Fundamental e uma UBS.

A Teko’a Nhuu Porã (Campo Molhado) abrange os municípios de Caraá, Maquiné e Riozinho, na Encosta da Serra Geral, em um platô que alcança 780 m de altitude, em uma área de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica repleta de Florestas de Araucária e 27 nascentes da Bacia Hidrográfica (BH) do Rio dos Sinos (Arroios do Ouro, Pedra Branca e Rio Pinheiro). Nesta isolada aldeia, vive uma família com aproximadamente 20 pessoas, na maior área guarani do RS, com 2.274,5 ha. A aldeia possui apenas uma UBS.

A Aldeia Teko’a Ka’aguy Pa’u (Vale das Matas ou Varzinha), contígua à Aldeia Campo Molhado, abrange os municípios de Caraá e Riozinho. Nesta área de RBMA vivem cerca de 60 índios, em 758 ha de Florestas de Araucária que abrigam nascentes da BH do Rio dos Sinos (Arroios das Domingas e das Porcas) e da BH do Rio Caí (Rio Cará). A Aldeia possui uma UBS. Nestas duas últimas aldeias, a tranquilidade ainda é perturbada por coletores e caçadores clandestinos. A vegetação foi explorada nas décadas de 1950 e 1960 por frentes madeireiras e se recompôs graças à presença indígena. As aldeias distam 30 km das localidades mais próximas e o difícil acesso se faz atravessando fazendas.

O histórico com essa etnia revela modos de vida tradicionalmente integrados aos ecossistemas florestais, através de um manejo sustentável que permite a coleta de alimentos, espécies para uso em cerimônias, para a construção de casas, confecção de utensílios, instrumentos e adornos, respeitando a capacidade de suporte dos ambientes e a troca de saberes, técnicas e experiências, com o intuito de recuperar e conservar a biodiversidade.